

Foto de Sebastião salgado e Jo Berger
Duplo sentido
Busco em outras estradas
Algo ou alguém pressentido
Uma vaga, um vago, um nada
Ou mesmo um tudo que possa ser acrescido
Busco num olhar ou nas piadas
De bares, bancos ou idílios
Um espelho, um oposto, uma igualdade
Contraponto, contragosto ou contra isso
Não sei se sou outro ou eu
Nada que se faz ou se tenha omitido
O certo que no fundo sou eu
Esse alguém de duplo sentido
Encontro aqui e agora
Essa nova onda, esse asterisco
Uma novidade meio sem propósito
Ou mesmo uma marca do destino
Encontro nas diferenças
Tanta igualdade e vejo logo o precipício
Um amor, um desejo, um nada
Um Tudo ou nada daquilo.
Não sei se sou outro ou eu
Nada que se faz ou se faz sentido
O certo que no fundo sou eu
O certo está perdido
Não vejo ninguém nas multidões
Não vejo o que a cegueira me rouba
Há apenas turbilhões
Onde a solidão repousa
Vi um morto na rua
Vi vivo no cemitério
Existem palavras cruas
Neste caldeirão de universos
Não há sentido a seguir
Cuspo nesses sentidos
Pra tudo o que não possa ouvir
Cubro os meus ouvidos
Fiz esse poema há uns 10 anos atrás. Hoje ao ver um homem morto em um acidente, reli esse poema num outro sentido muito diferente do qual o escrevi. Não pude me furtar a vontade de fazer algumas mudanças e acréscimos.
Hoje vi morte e não é ela que me faz tremer por dentro, é apenas a violência que a cerca, que me dá arrepios...
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